segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Charles Robert Richet - Fisiologista francês

Charles Robert Richet (25 de agosto de 1850 - 4 de dezembro de 1935) foi um fisiologista francês que investigou inicialmente uma variedade de assuntos, tais como neuroquímica, digestão, termorregulação em animais homeotérmicos, e respiração.

Richet, em 1887 foi nomeado professor de fisiologia no Collège de France, e em 1898 tornou-se membro da Académie de Médecine. Foi, no entanto, seu trabalho na anafilaxia (seu termo para um indivíduo sensibilizado a reação, às vezes letais para uma segunda injeção de pequena dose de um antígeno) que em 1913 ele ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina. Esta pesquisa ajudou a elucidar a febre do feno, asma e outras reações alérgicas a substâncias estranhas e explicou algumas previamente não compreendidos os casos de intoxicação e morte súbita. Em 1914 tornou-se membro da Académie des Sciences.

Richet era um homem de muitos interesses, e suas obras incluídas livros sobre história, sociologia, filosofia, psicologia, bem como peças de teatro e poesia. Ele foi um pioneiro na aviação.

Ele também tinha um profundo interesse em percepção extra-sensorial e hipnose. Em 1884, Alexander Aksakof lhe interessava, a médio Eusápia Palladino. Em 1891, Richet fundou o Annales Psychiques des sciences. Ele manteve contato com renomados ocultistas e espíritas de seu tempo, tais como Albert von Schrenck-Notzing, Frederic William Henry Myers e Gabriel Delanne.

Richet, em 1905 foi nomeado presidente da Sociedade de Pesquisas Psíquicas no Reino Unido, e cunhou o termo "ectoplasma" e "metapsychics". Ele experimentou com Marthe Béraud, Elisabette D'Espérance, Eglinton William e Ossowiecki Stefan. Em 1919 ele se tornou presidente honorário do Instituto de Metapsíquica Internacional, em Paris, e, em 1929, completa-presidente de tempo.


Richet obras que tratem de assuntos paracientífico, que dominou seus últimos anos, incluem Traité de Métapsychique (Treatise on Metapsychics, 1922), Notre Sixième Sens (Our Sixth Sense, 1928), L'Avenir et la Premonition (O Futuro e Premonition, 1931) e La Grande Espérance (a grande esperança, 1933).


A passagem de Richet
O Senhor tomou lugar no tribunal da sua justiça e, examinando
os documentos que se referiam às atividades das personalidades
eminentes sobre a Terra, chamou o Anjo da Morte, exclamando:
– Nos meados do século findo partiram daqui diversos servidores
da Ciência que prometeram trabalhar em meu nome no
orbe terráqueo, levantando a moral dos homens e suavizandolhes
as lutas. Alguns já regressaram, enobrecidos nas ações
dignificadoras, desse mundo longínquo. Outros, porém, desviaram-
se dos seus deveres e outros ainda lá permanecem, no
turbilhão das dúvidas e das descrenças, laborando no estudo.
Lembras-te daquele que era aqui um inquieto investigador, com
as suas análises incessantes, e que se comprometeu a servir os
ideais da Imortalidade, adquirindo a fé que sempre lhe faltou?
– Senhor, aludis a Charles Richet, reencarnado em Paris, em
1850, e que escolheu uma notabilidade da medicina para lhe
servir de pai?
– Justamente. Pelas notícias dos meus emissários, apesar da
sua sinceridade e da sua nobreza, Richet não conseguiu adquirir
os elementos de religiosidade que fora buscar em favor do seu
próximo. Tens conhecimento dos favores que o Céu lhe tem
adjudicado no transcurso da sua existência?
– Tenho, Senhor. Todos os vossos mensageiros lhe cercaram
a inteligência e a honestidade com o halo da vossa sabedoria.
Desde os primórdios das suas lutas na Terra, os gênios da imensidade
o rodeiam com o sopro divino de Tuas inspirações. Dessa
assistência constante lhe nasceram os poderes intelectuais, tão
cedo revelados no mundo. A sua passagem pelas academias da
Terra, que serviu para excitar a potência vibratória da sua mente,
em favor da ressurreição do seu tesouro de conhecimentos, foi
acompanhada pelos vossos emissários com especial carinho.
Ainda na mocidade, lecionou na Faculdade de Medicina, obtendo
a cadeira de fisiologia. Nesse tempo, já seu nome, com os
vossos auxílios, estava cercado de admiração e respeito. As suas
produções granjearam-lhe a veneração e a simpatia dos seus
contemporâneos. De 1877 a 1884, publicou estudos notáveis
sobre a circulação do sangue, sobre a sensibilidade, sobre a
estrutura das circunvoluções cerebrais, sobre a fisiologia dos
músculos e dos nervos, perquirindo os problemas graves do ser,
investigando no círculo de todas as atividades humanas, conquistando
o seu nome a admiração universal.
– E em matéria de espiritualidade – replicou austeramente o
Senhor –, o que lhe deram os meus emissários e de que forma
retribuiu o seu espírito a essas dádivas?
– Nesse particular – exclamou solícito o Anjo – muito lhe foi
dado. Quando deixastes cair, mais intensamente, a Vossa luz
sobre os mistérios que me envolvem, ele foi dos primeiros a
receber-lhe os raios fulgurantes. Em Carqueiranne, em Milão e
na Ilha Roubaud, muitas claridades o bafejaram, junto de Eusápia
Paladino, quando o seu gênio se entregava a observações
positivas junto aos seus colegas Lodge, Myers e Sidgwick. De
outras vezes, com Delanne, analisou as célebres experiências de
Alger, que revolucionaram os ambientes intelectuais e materialistas
da França, que então representava o cérebro da civilização
ocidental.
“Todos os portadores das vossas graças levaram as sementes
da Verdade à sua poderosa organização psíquica, apelando para
o seu coração, a fim de que ele afirmasse as realidades da sobrevivência;
povoaram-lhe as noites de severas meditações, com as
imagens maravilhosas das Vossas verdades, porém apenas
conseguiram que ele escrevesse o Tratado de Metapsíquica e um
estudo proveitoso a favor da concórdia humana, que lhe valeu o
Prêmio Nobel da Paz em 1913.
“Os mestres espirituais não desanimaram nem descansaram
nunca em torno da sua individualidade; mas apesar de todos os
esforços despendidos, Richet viu, nas expressões fenomenológicas
de que foi atento observador, apenas a exteriorização das
possibilidades de um sexto sentido nos organismos humanos. Ele
que fora o primeiro organizador de um dicionário de fisiologia,
não se resignou a ir além das demonstrações histológicas. Dentro
da espiritualidade, todos os seus trabalhos de investigador se
caracterizam pela dúvida que lhe martiriza a personalidade.
Nunca pôde, Senhor, encarar as verdades imortalistas, senão
como hipóteses, mas o seu coração é generoso e sincero. Ultimamente,
nas reflexões da velhice, o grande lutador se veio
inclinando para a fé, até hoje inacessível ao seu entendimento de
estudioso. Os vossos mensageiros conseguiram inspirar-lhe um
trabalho profundo, que apareceu no planeta como A Grande
Esperança, e nestes últimos dias a sua formosa inteligência
realizou para o mundo uma mensagem entusiástica em prol dos
estudos espiritualistas.”
– Pois bem – exclamou o Senhor –, Richet terá de voltar agora
a penates. Traze de novo aqui a sua individualidade para as
necessárias interpelações.
– Senhor, assim tão depressa? – retornou o Anjo, advogando
a causa do grande cientista. – O mundo vê em Richet um dos
seus gênios mais poderosos, guardando nele sua esperança. Não
conviria protelar a sua permanência na Terra, a fim de que ele
vos servisse, servindo à Humanidade?
– Não. – disse o Senhor tristemente. – Se, após oitenta e cinco
anos de existência sobre a face da Terra, não pôde reconhecer,
com a sua ciência, a certeza da imortalidade, é desnecessária a
continuação de sua estada nesse mundo. Como recompensa aos
seus esforços honestos em benefício dos seus irmãos em humanidade,
quero dar-lhe agora, com o poder do meu amor, a centelha
divina da crença, que a ciência planetária jamais lhe concedeu
nos seus labores ingratos e frios.
* * *
No leito de morte, Richet tem as pálpebras cerradas e o corpo
na posição derradeira, em caminho da sepultura. Seu espírito
inquieto de investigador não dormiu o grande sono.
Há ali, cercando-lhe os despojos, uma multidão de fantasmas.
Gabriel Delanne estende-lhe os braços de amigo. Denis e
Flammarion o contemplam com bondade e carinho. Personalidades
eminentes da França antiga, velhos colaboradores da Revista
dos Dois Mundos, cooperadores devotados dos Anais das Ciên-
cias Psíquicas, ali estão para abraçarem o mestre, no limiar do
seu túmulo.
Richet abre os olhos para as realidades espirituais que lhe eram
desconhecidas. Parece-lhe haver retrocedido às materializações
da Vila Carmen; mas ao seu lado repousam os seus despojos,
cheios de detalhes anatômicos. O eminente fisiologista
reconhece-se no mundo dos verdadeiros vivos. Suas percepções
estão intensificadas, sua personalidade é a mesma e, no momento
em que volve a atenção para a atitude carinhosa dos que o rodeiam,
ouve uma voz suave e profunda, falando do infinito:
– Richet – exclama o Senhor no tribunal da sua misericórdia
– por que não afirmaste a Imortalidade, e por que desconheceste
o meu nome no seu apostolado de missionário da ciência e do
labor? Abri todas as portas de ouro, que te poderia reservar sobre
o mundo. Perquiriste todos os livros. Aprendeste e ensinaste,
fundaste sistemas novos de pensamento, à base das dúvidas
dissolventes. Oitenta e cinco anos se passaram, esperando eu que
a tua honestidade me reconhecesse, sem que a fé desabrochasse
em teu coração... Todavia, decifraste, com o teu esforço abençoado,
muitos enigmas dolorosos da ciência do mundo e todos os
teus dias representaram uma sede grandiosa de conhecimentos...
Mas, eis, meu filho, onde a tua razão positiva é inferior à revelação
divina da fé. Experimentaste as torturas da morte com todos
os teus livros e diante dela desapareceram os teus compêndios,
ricos de experimentações no campo das filosofias e das ciências.
E agora, premiando os teus labores, eu te concedo os tesouros da
fé que te faltou na dolorosa estrada do mundo!
Sobre o peito do abnegado apóstolo desce do Céu um punhal
de luz opalina como um venábulo maravilhoso de luar indescritível.
Richet sente o coração tocado de luminosidade infinita e misericordiosa,
que as ciências nunca lhe haviam dado. Seus olhos
são duas fontes abundantes de lágrimas de reconhecimento ao
Senhor. Seus lábios, como se voltassem a ser os lábios de um
menino, recitam o “Pai Nosso que estais no Céu...”
Formas luminosas e aéreas arrebatam-no, pela estrada de éter
da eternidade e, entre prantos de gratidão e de alegria, o apóstolo
da ciência caminhou da grande esperança para a certeza divina
da Imortalidade.
Humberto de Campos
(Espírito)
(Recebida em Pedro Leopoldo
a 21 de janeiro de 1936, por
Francisco Cândido Xavier)

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