segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Charles Robert Richet - Fisiologista francês

Charles Robert Richet (25 de agosto de 1850 - 4 de dezembro de 1935) foi um fisiologista francês que investigou inicialmente uma variedade de assuntos, tais como neuroquímica, digestão, termorregulação em animais homeotérmicos, e respiração.

Richet, em 1887 foi nomeado professor de fisiologia no Collège de France, e em 1898 tornou-se membro da Académie de Médecine. Foi, no entanto, seu trabalho na anafilaxia (seu termo para um indivíduo sensibilizado a reação, às vezes letais para uma segunda injeção de pequena dose de um antígeno) que em 1913 ele ganhou o Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina. Esta pesquisa ajudou a elucidar a febre do feno, asma e outras reações alérgicas a substâncias estranhas e explicou algumas previamente não compreendidos os casos de intoxicação e morte súbita. Em 1914 tornou-se membro da Académie des Sciences.

Richet era um homem de muitos interesses, e suas obras incluídas livros sobre história, sociologia, filosofia, psicologia, bem como peças de teatro e poesia. Ele foi um pioneiro na aviação.

Ele também tinha um profundo interesse em percepção extra-sensorial e hipnose. Em 1884, Alexander Aksakof lhe interessava, a médio Eusápia Palladino. Em 1891, Richet fundou o Annales Psychiques des sciences. Ele manteve contato com renomados ocultistas e espíritas de seu tempo, tais como Albert von Schrenck-Notzing, Frederic William Henry Myers e Gabriel Delanne.

Richet, em 1905 foi nomeado presidente da Sociedade de Pesquisas Psíquicas no Reino Unido, e cunhou o termo "ectoplasma" e "metapsychics". Ele experimentou com Marthe Béraud, Elisabette D'Espérance, Eglinton William e Ossowiecki Stefan. Em 1919 ele se tornou presidente honorário do Instituto de Metapsíquica Internacional, em Paris, e, em 1929, completa-presidente de tempo.


Richet obras que tratem de assuntos paracientífico, que dominou seus últimos anos, incluem Traité de Métapsychique (Treatise on Metapsychics, 1922), Notre Sixième Sens (Our Sixth Sense, 1928), L'Avenir et la Premonition (O Futuro e Premonition, 1931) e La Grande Espérance (a grande esperança, 1933).


A passagem de Richet
O Senhor tomou lugar no tribunal da sua justiça e, examinando
os documentos que se referiam às atividades das personalidades
eminentes sobre a Terra, chamou o Anjo da Morte, exclamando:
– Nos meados do século findo partiram daqui diversos servidores
da Ciência que prometeram trabalhar em meu nome no
orbe terráqueo, levantando a moral dos homens e suavizandolhes
as lutas. Alguns já regressaram, enobrecidos nas ações
dignificadoras, desse mundo longínquo. Outros, porém, desviaram-
se dos seus deveres e outros ainda lá permanecem, no
turbilhão das dúvidas e das descrenças, laborando no estudo.
Lembras-te daquele que era aqui um inquieto investigador, com
as suas análises incessantes, e que se comprometeu a servir os
ideais da Imortalidade, adquirindo a fé que sempre lhe faltou?
– Senhor, aludis a Charles Richet, reencarnado em Paris, em
1850, e que escolheu uma notabilidade da medicina para lhe
servir de pai?
– Justamente. Pelas notícias dos meus emissários, apesar da
sua sinceridade e da sua nobreza, Richet não conseguiu adquirir
os elementos de religiosidade que fora buscar em favor do seu
próximo. Tens conhecimento dos favores que o Céu lhe tem
adjudicado no transcurso da sua existência?
– Tenho, Senhor. Todos os vossos mensageiros lhe cercaram
a inteligência e a honestidade com o halo da vossa sabedoria.
Desde os primórdios das suas lutas na Terra, os gênios da imensidade
o rodeiam com o sopro divino de Tuas inspirações. Dessa
assistência constante lhe nasceram os poderes intelectuais, tão
cedo revelados no mundo. A sua passagem pelas academias da
Terra, que serviu para excitar a potência vibratória da sua mente,
em favor da ressurreição do seu tesouro de conhecimentos, foi
acompanhada pelos vossos emissários com especial carinho.
Ainda na mocidade, lecionou na Faculdade de Medicina, obtendo
a cadeira de fisiologia. Nesse tempo, já seu nome, com os
vossos auxílios, estava cercado de admiração e respeito. As suas
produções granjearam-lhe a veneração e a simpatia dos seus
contemporâneos. De 1877 a 1884, publicou estudos notáveis
sobre a circulação do sangue, sobre a sensibilidade, sobre a
estrutura das circunvoluções cerebrais, sobre a fisiologia dos
músculos e dos nervos, perquirindo os problemas graves do ser,
investigando no círculo de todas as atividades humanas, conquistando
o seu nome a admiração universal.
– E em matéria de espiritualidade – replicou austeramente o
Senhor –, o que lhe deram os meus emissários e de que forma
retribuiu o seu espírito a essas dádivas?
– Nesse particular – exclamou solícito o Anjo – muito lhe foi
dado. Quando deixastes cair, mais intensamente, a Vossa luz
sobre os mistérios que me envolvem, ele foi dos primeiros a
receber-lhe os raios fulgurantes. Em Carqueiranne, em Milão e
na Ilha Roubaud, muitas claridades o bafejaram, junto de Eusápia
Paladino, quando o seu gênio se entregava a observações
positivas junto aos seus colegas Lodge, Myers e Sidgwick. De
outras vezes, com Delanne, analisou as célebres experiências de
Alger, que revolucionaram os ambientes intelectuais e materialistas
da França, que então representava o cérebro da civilização
ocidental.
“Todos os portadores das vossas graças levaram as sementes
da Verdade à sua poderosa organização psíquica, apelando para
o seu coração, a fim de que ele afirmasse as realidades da sobrevivência;
povoaram-lhe as noites de severas meditações, com as
imagens maravilhosas das Vossas verdades, porém apenas
conseguiram que ele escrevesse o Tratado de Metapsíquica e um
estudo proveitoso a favor da concórdia humana, que lhe valeu o
Prêmio Nobel da Paz em 1913.
“Os mestres espirituais não desanimaram nem descansaram
nunca em torno da sua individualidade; mas apesar de todos os
esforços despendidos, Richet viu, nas expressões fenomenológicas
de que foi atento observador, apenas a exteriorização das
possibilidades de um sexto sentido nos organismos humanos. Ele
que fora o primeiro organizador de um dicionário de fisiologia,
não se resignou a ir além das demonstrações histológicas. Dentro
da espiritualidade, todos os seus trabalhos de investigador se
caracterizam pela dúvida que lhe martiriza a personalidade.
Nunca pôde, Senhor, encarar as verdades imortalistas, senão
como hipóteses, mas o seu coração é generoso e sincero. Ultimamente,
nas reflexões da velhice, o grande lutador se veio
inclinando para a fé, até hoje inacessível ao seu entendimento de
estudioso. Os vossos mensageiros conseguiram inspirar-lhe um
trabalho profundo, que apareceu no planeta como A Grande
Esperança, e nestes últimos dias a sua formosa inteligência
realizou para o mundo uma mensagem entusiástica em prol dos
estudos espiritualistas.”
– Pois bem – exclamou o Senhor –, Richet terá de voltar agora
a penates. Traze de novo aqui a sua individualidade para as
necessárias interpelações.
– Senhor, assim tão depressa? – retornou o Anjo, advogando
a causa do grande cientista. – O mundo vê em Richet um dos
seus gênios mais poderosos, guardando nele sua esperança. Não
conviria protelar a sua permanência na Terra, a fim de que ele
vos servisse, servindo à Humanidade?
– Não. – disse o Senhor tristemente. – Se, após oitenta e cinco
anos de existência sobre a face da Terra, não pôde reconhecer,
com a sua ciência, a certeza da imortalidade, é desnecessária a
continuação de sua estada nesse mundo. Como recompensa aos
seus esforços honestos em benefício dos seus irmãos em humanidade,
quero dar-lhe agora, com o poder do meu amor, a centelha
divina da crença, que a ciência planetária jamais lhe concedeu
nos seus labores ingratos e frios.
* * *
No leito de morte, Richet tem as pálpebras cerradas e o corpo
na posição derradeira, em caminho da sepultura. Seu espírito
inquieto de investigador não dormiu o grande sono.
Há ali, cercando-lhe os despojos, uma multidão de fantasmas.
Gabriel Delanne estende-lhe os braços de amigo. Denis e
Flammarion o contemplam com bondade e carinho. Personalidades
eminentes da França antiga, velhos colaboradores da Revista
dos Dois Mundos, cooperadores devotados dos Anais das Ciên-
cias Psíquicas, ali estão para abraçarem o mestre, no limiar do
seu túmulo.
Richet abre os olhos para as realidades espirituais que lhe eram
desconhecidas. Parece-lhe haver retrocedido às materializações
da Vila Carmen; mas ao seu lado repousam os seus despojos,
cheios de detalhes anatômicos. O eminente fisiologista
reconhece-se no mundo dos verdadeiros vivos. Suas percepções
estão intensificadas, sua personalidade é a mesma e, no momento
em que volve a atenção para a atitude carinhosa dos que o rodeiam,
ouve uma voz suave e profunda, falando do infinito:
– Richet – exclama o Senhor no tribunal da sua misericórdia
– por que não afirmaste a Imortalidade, e por que desconheceste
o meu nome no seu apostolado de missionário da ciência e do
labor? Abri todas as portas de ouro, que te poderia reservar sobre
o mundo. Perquiriste todos os livros. Aprendeste e ensinaste,
fundaste sistemas novos de pensamento, à base das dúvidas
dissolventes. Oitenta e cinco anos se passaram, esperando eu que
a tua honestidade me reconhecesse, sem que a fé desabrochasse
em teu coração... Todavia, decifraste, com o teu esforço abençoado,
muitos enigmas dolorosos da ciência do mundo e todos os
teus dias representaram uma sede grandiosa de conhecimentos...
Mas, eis, meu filho, onde a tua razão positiva é inferior à revelação
divina da fé. Experimentaste as torturas da morte com todos
os teus livros e diante dela desapareceram os teus compêndios,
ricos de experimentações no campo das filosofias e das ciências.
E agora, premiando os teus labores, eu te concedo os tesouros da
fé que te faltou na dolorosa estrada do mundo!
Sobre o peito do abnegado apóstolo desce do Céu um punhal
de luz opalina como um venábulo maravilhoso de luar indescritível.
Richet sente o coração tocado de luminosidade infinita e misericordiosa,
que as ciências nunca lhe haviam dado. Seus olhos
são duas fontes abundantes de lágrimas de reconhecimento ao
Senhor. Seus lábios, como se voltassem a ser os lábios de um
menino, recitam o “Pai Nosso que estais no Céu...”
Formas luminosas e aéreas arrebatam-no, pela estrada de éter
da eternidade e, entre prantos de gratidão e de alegria, o apóstolo
da ciência caminhou da grande esperança para a certeza divina
da Imortalidade.
Humberto de Campos
(Espírito)
(Recebida em Pedro Leopoldo
a 21 de janeiro de 1936, por
Francisco Cândido Xavier)

ENTREVISTA COM O PADRE QUEVEDO (ano:2000)


ENTREVISTA COM O PADRE QUEVEDO

Este personagem chama-se Oscar González-Quevedo e corre o mundo inteiro tentando desvendar os “supostos” milagres e aquelas coisas do além, que vira-e-mexe você ouve falar. O lance legal da parada é que o Padre Quevedo, antes de tudo, é parapsicólogo, ou seja, analisa as coisas sempre pelo lado da ciência, sem se deixar impressionar por qualquer pirado que diz ser Deus ou o Diabo. Aliás, nem no Diabo ele acredita, tanto é que vive fazendo desafios públicos a macumbeiros e feiticeiros de plantão. No CLAP – Centro Latino-Americano de Parapsicologia, que dirige em São Paulo, Capital, ele montou uma sala com tudo quanto é apetrecho de macumba e feitiço que já mandaram contra ele. Tem até sapo com a boca costurada e a foto dele dentro. Nesse mesmo lugar, também funciona a maior biblioteca de Parapsicologia do mundo. São quase 10 mil livros sobre o assunto, mais slides, fitas de vídeo, fotos e documentos. Só que o lance mais legal é a biblioteca de mágica que o padre mantém numa sala ao lado. Tem livro e badulaques de deixar qualquer Mister M com o queixo caído. Nessa sala, há até o diploma de “Master Magician” com o nome do padre, um título de mestre de mágica que muito pouca gente (no mundo inteiro) tem. Não é à toa que o velhão não cai em qualquer conto do vigário. Ele conhece tudo quanto é truque imaginável, fora os mistérios da Parapsicologia, que incluem levitação, telepatia, hipnose etc. Por essas e outras, depois que o ibope do Mister M caiu, resolveram convidar o padre para apresentar um quadro no Fantástico, nos mesmos moldes que o “príncipe negro dos sortilégios” fazia. Apesar de ser supercético em relação a alguns assuntos, o Padre Quevedo acredita em milagres quando a ciência não consegue explicar um fenômeno de jeito nenhum. Ele cita e mostra fotos de alguns casos, que a gente nem imagina que exista, como pessoas que recuperaram membros amputados; cadáveres que ainda conservam sangue líquido e aparência jovial, como se estivessem vivos; imagens com cicatriz e olhos humanos; casa suspensa no ar; manto com o corpo de Cristo impresso; e mais um monte de coisas que deixam no chinelo qualquer episódio do “Arquivo X” que você já tenha assistido. A seguir você confere a entrevista em que ele desmente o milagre de Fátima, fala sobre “O Exorcista” e diz que Uri Geller e Thomaz Green Morton são charlatões! E ainda revela a verdade sobre a casa mal-assombrada de Goiânia, Santo Sudário, mortos-vivos, perna amputada que cresce de novo, Inri Cristo, Walter Mercado, Mãe Dinah, Edir Macedo, Chupa-Cabras...

A ENTREVISTA: Diz as lendas…

1) O milagre de Fátima (sobre as três crianças portuguesas que, no início do século passado, viram no céu a imagem de Nossa Senhora, que teria revelado a eles três segredos) Padre Quevedo – Não há aparições! Se Fátima fosse uma aparição, todo mundo a veria. Francisco, uma das três crianças, não ouviu nada e não era surdo. Isso é um erro de interpretação, não são aparições, mas visões a gosto do consumidor. Há um fenômeno parapsicológico chamado “ideoplasmia”, que é a idéia plasmada. Você emite energia e uma imagem aparece como uma foto. É uma espécie de “fotografia do pensamento”.

2) “O Exorcista” (o filme daquela menina com cara de demônio seria baseado numa história real) Padre Quevedo – Isso aconteceu nos Estados Unidos com um menino. Os padres de uma universidade acharam que era o demônio, porque não entendiam nada de Parapsicologia. Tudo começou com a brincadeira do copo e terminou com uma levitação e o suicídio de um dos padres. A levitação é um fenômeno parapsicológico natural. Em um momento de muita emoção e desequilíbrio, qualquer pessoa pode levitar a uns três metros do chão, resultado de uma explosão da tensão nervosa. Também pode queimar ou mexer objetos, ou expelir o ectoplasma e, apoiado nessa espécie de alavanca invisível, levitar.

3) Uri Geller (diz a lenda que essa figura é alienígena e consegue entortar garfo, colher, qualquer coisa com a força do pensamento) Padre Quevedo – Ele é um mágico, nasceu em Tel-Aviv e não veio de outro planeta como já foi publicado. Tenho fotos de quando ele era criança e era aluno dos franciscanos. Eu tive um debate com ele promovido pela então Revista Manchete e a Rede Globo de Televisão. Demonstrei que era tudo truque e que os truques que ele fazia, eu também fazia. Ele reconheceu e iam publicar isso. Para não ter que se retratar em público, Roberto Marinho e Adolfo Bloch me prometeram que Uri Geller tomaria o primeiro avião no dia seguinte e nunca mais falariam nele. Cumpriram, tanto que Uri Geller voltou, mas pelo Silvio Santos. Globo e Manchete nunca mais falaram dele.

4) Thomaz Green Morton (ele diz que tem vários poderes, como emitir luz e exalar perfume do corpo) Padre Quevedo – A luz se emite com um elemento químico, um fósforo que se inflama em contato com o ar, é um truque muito manjado… Ele também me desafiou, foi publicado no jornal “O Dia”. Ele apostou US$ 100 mil que era capaz de, em 20 minutos, tirar um pinto de um ovo e, com a força do pensamento, dobrar o trilho de um trem. Aceitei o desafio, mas disse pra fazer diante de mim e em condições adequadas de observação. A Organização de Parapsicologia Mundial ficou sabendo do desafio e apostou US$ 1 milhão se ele fizesse isso. Desde então ele está fugindo!

5) Casa assombrada de Goiânia (nessa casa, as coisas pegam fogo do nada) Padre Quevedo – Isso se chama pirogênese, um fenômeno parafísico. Descartado o truque, é sempre telergia, uma energia corporal. A telergia é sempre invisível e o ectoplasma visível é a fotografia do pensamento. Os animais conseguem ver isso e ficam apavorados. Há casos de pirogênese em que o fogo arde e não consome o objeto, é um fogo quimicamente puro. Na autocombustão arde a própria pessoa e pode acontecer com luz amarela ou com luz azulada. A luz amarela pode causar queimaduras de até terceiro grau. Já tivemos cinco casos desse tipo na nossa clínica. A outra luz, em frações de segundos, não fica nada, nem os ossos da pessoa. É a maior tragédia que há na Parapsicologia.

6) Chico Xavier Padre Quevedo – Totalmente falso! Ele diz (dizia) que o principal guia dele era Emmanuel, senador romano dos tempos de Cristo. Um senador dos tempos de Cristo não poderia ter esse nome, porque significa “Deus conosco”, uma palavra hebraica, cristã. Segundo, ele teria que falar latim! Como se ele só sabia português? Ele dizia que Emmanuel teria reencarnado no padre Manuel da Nóbrega, jesuíta. Todos nós jesuítas falamos latim. Como que Chico Xavier não entendia uma palavra em latim?! Desde 1986 há o desafio da “senha”. Antes de morrer, a pessoa deixa uma senha num envelope fechado e não conta pra ninguém. Se depois de morrer, ele puder se comunicar tem que aparecer a “senha”, senão imitaram o estilo, adivinharam. Isso se fez milhões de vezes com vários parapsicólogos e espíritas. Todos deixaram uma senha e a senha nunca apareceu! Essa experiência foi feita com Chico Xavier. Monteiro Lobato, antes de morrer, deixou duas senhas. Um espírita e Chico Xavier psicografaram mensagens dele, mas em nenhuma delas estavam as senhas. Não estou dizendo que Chico Xavier não tenha telepatia, ele pode ter algum fenômeno parapsicológico espontâneo. O que os vivos não conhecem, nunca nenhum morto ou fada revelou! Por que eles não decifram algum hieróglifo desconhecido? Eu fiz um desafio perguntando “qual é o segredo da liga do cobre?”. Sabe-se que os antigos alquimistas conheciam a resposta, mas ela se perdeu com o tempo. Perguntem aos mortos!

7) Santo Sudário Padre Quevedo – Os grandes especialistas concordam que 36 horas após a parada cardíaca, em dois milésimos de segundo, saiu de dentro para fora uma explosão atômica muito mais forte do que Hiroshima e Nagasaki, e queimou toda a parte interna do manto em relevo. Os computadores converteram esse relevo numa imagem tridimensional, o corpo de Cristo perfeito! Pensaram que era desenho ou pintura, mas todas as análises comprovam que o manto foi queimado mesmo, por uma luz brilhantíssima que não há na natureza, uma luz sobrenatural.

8) Mortos-vivos (cadáveres de pessoas mortas há séculos que se conservam até hoje, como se elas estivessem vivas) Padre Quevedo – Há mais de mil casos no mundo de cadáveres há séculos incorruptos, que conservam sangue líquido, transpiram, apresentam crescimento de unhas e cabelo. Há também estátuas de madeira em que as unhas crescem. Não há explicação pra isso. Um louco cortou com faca um quadro com a imagem da padroeira de Bolonha. A pintura da tela cicatrizou com cicatriz humana! Deus ri das nossas leis! Há casos em que o crucifixo de madeira abraçou o Santo e não se quebrou a madeira!

9) Estátuas que choram sangue e lágrimas Padre Quevedo – Isso não é milagre, se chama aporte! Casos de aporte famosos são os daquelas agulhas que entram no corpo sem ferir ou sangue que sai do corpo sem feridas. O sangue que sai da imagem é o sangue de uma pessoa que está há menos de 50 metros. O mesmo acontece com as agulhas. A pessoa desmaterializa um prego ou agulha que está próximo, convertendo em energia e fazendo entrar no corpo, se materializando de novo. Não dói e não tem infecção nenhuma, porque fica embrulhado dentro de uma cápsula de tecido conjuntivo, que fica na pele ou na banha, nunca nos músculos. Da mesma forma que há o aporte para dentro das agulhas, há o aporte para fora do sangue, que sai convertido em energia, cai sobre o quadro e se materializa de novo. As marcas de sangue que aparecem nos corpos das pessoas, os "estigmas", também são casos de aporte.

10) Dr. Fritz (alguns médiuns incorporam o espírito do médico alemão, para fazer curas milagrosas nas pessoas) Padre Quevedo – Fritz não é sobrenome, é “Francisquinho”, um apelido. Além disso, em qual universidade o Dr. Fritz estudou? Onde está o registro de nascimento e o sepulcro? E o diploma de médico? É evidentemente uma farsa! O curioso é que a FEB – Federação Espírita Brasileira sabe que é uma farsa e continua fazendo… Rubens Faria (o médium que incorpora o Dr. Fritz) disse muitas mentiras e nunca se submeteu a uma verificação científica. Os médicos que o acompanham são todos da máfia dele. A telergia é um fenômeno perceptível à sugestão dentro do corpo. Num curso que dou, pego uma menina da platéia e digo que vou enfiar nela uma agulha desinfetada com álcool. Em vez disso, passo a agulha na sola do meu sapato. Ela chega a sentir o cheiro do álcool e não há infecção. Está provado que a telergia tem um poder que responde muito bem à sugestão dentro do próprio organismo, não deixando a infecção instalar-se. Mas só é controlável dentro do corpo se a infecção não estiver instalada. O curandeiro é sempre perigoso e, quando cura, é criminoso! Porque tira a dor, mas deixa a doença, tira o sintoma, mas deixa a causa!

11) Brincadeira do copo Padre Quevedo – Isso se chama paracinesia. São eventos inconscientes, involuntários e inevitáveis. Não é o demônio ou o espírito que mexem o copo, mas o movimento inconsciente das pessoas que participam. O copo não se mexe, os dedos é que se mexem!

Sobram dúvidas…

12) Você acredita mesmo em milagres? Padre Quevedo – Todos os fenômenos parapsicológicos têm um limite, você não pode movimentar um objeto pequeno estando a mais de 50 metros de distância. É lógico que você não pode comparar isso com a “Casa de Loreto”, que sumiu de Belém (Jerusalém) e reapareceu na Itália. Ela foi estudada cientificamente e são as mesmas pedras e o mesmo tamanho da casa de Belém. O mais impressionante é que a casa está no ar! Tem um decímetro de terra e embaixo dois metros ocos. Essa é a casa onde Cristo nasceu. Houve uma época em que queriam destruí-la e a casa sumiu, reaparecendo em Loreto, na Itália. Isso é milagre! Pierre de Rudder foi atropelado por uma carreta, quebrou a perna e teve a mesma amputada no hospital de Zaragoza. A perna foi enterrada e três anos mais tarde, rezando à padroeira da Espanha, ele recuperou a própria perna que tinha sido enterrada. A perna reapareceu do nada, durante a noite, enquanto ele sonhava que estava rezando. O próprio rei da Espanha beijou a perna recuperada. Vieram cirurgiões de todo mundo pra ver. A perna recuperada tinha até mesmo as marcas do lugar onde a carreta tinha quebrado a tíbia e o perônio. Quando quiseram desenterrar a perna dele, só acharam o sapato! Não tem explicação humana, vai contra todas as leis naturais…

13) E reencarnação? Padre Quevedo – Claro que não! Como o ser humano gera um corpo e a alma vem de outro lugar? Isso não existe! Não existe alma de uma planta sem planta ou de um animal sem animal. Como pode haver alma humana sem corpo?

14) O que acontece depois que a pessoa morre? Padre Quevedo – À medida que vamos morrendo, vamos ressuscitando. São Paulo já dizia que não morremos, mas nos transformamos! À medida que vamos deixando o corpo físico, ressuscitamos num corpo espiritualizado. Durante a vida, vamos continuamente trocando nosso corpo. Os ossos demoram uns 6 anos pra se trocarem totalmente, o resto do corpo em seis meses se troca por completo. A alma é a mesma, mas com estruturas diferentes. O processo da morte demora 21 dias, mais ou menos. Quando se termina a morte, aí começa a eternidade, mas em nenhuma fração de segundo há um corpo sem alma ou alma sem corpo! Ressurreição sim, reencarnação não!

15) Acredita em ET? Padre Quevedo – Tem que haver milhares de planetas habitados, senão, para que todo esse desperdício? A natureza não faz nada em vão! Não tem sentido! Se Deus não se repete nunca, tem que haver milhares de planetas habitados… Agora, será que eles nos visitam? Pode tirar o cavalinho da chuva! Não se pode superar a velocidade da luz e o planeta habitado mais próximo de nós está a séculos anos-luz, então, impossível!

16) E as pessoas que juram de pés juntos que foram abduzidas? Padre Quevedo – Tivemos alguns casos aqui. Eles se auto-hipnotizaram! Tinha uma senhora convencidíssima que estava grávida de um extraterrestre. Depois constatamos que ela tinha dupla personalidade e que tinha traído o marido!

17) O Walter Mercado e o Inri Cristo dizem que é possível chegar ao orgasmo somente com a força do pensamento. Isso é possível? Padre Quevedo – Claro! Toda sensação vai e volta do cérebro. Você pode queimar a pupila vendo uma alucinação, e na verdade, você não está vendo nada. O tato, a audição, o orgasmo, qualquer sensação tem o aferente e o deferente. Na força da alucinação, a pessoa acha que está tendo uma relação sexual com toda sensação auditiva, visual, cinestésica, e pode chegar ao orgasmo, porque tudo depende do cérebro. É a mesma coisa com a mulher que vive dizendo que é “fria”. Lhe tiramos as “minhocas” da cabeça, a curamos e... “ai, agora estou tão feliz!”.

18) Aids é castigo de Deus? Padre Quevedo – Não! Foi dito isso, mas Deus não castiga ninguém! Deus permite o sofrimento, porque daí se pode tirar bens, como paciência, caridade e progresso, para que nos cuidemos e não nos apeguemos demais a este mundo, onde nós estamos de passagem.

19) E qual é a posição do Sr. em relação ao aborto? Padre Quevedo – É a mesma coisa. Não se pode dizer a um médico “faça o aborto”. Mas há o que se chama colisão de direitos. Não matarás, mas se tentarem matar a mim, tenho o direito de me defender. Então chega um médico, isso já me aconteceu...: “Padre, não vou poder salvar a criança e a mãe, um dos dois vai ter que morrer!”. Nesse caso, você não está matando o feto, está salvando a mãe!

20) Qual foi o caso que mais te impressionou? Padre Quevedo – A Virgem de Guadalupe! É um pano, onde a imagem se imprimiu sem pintura. Nem Raio X encontra a imagem que todo mundo enxerga. Já chegaram à conclusão de que não é pintura vegetal, não é tinta mineral ou animal. Simplesmente não está pintada, mas está lá, em relevo. E os olhos dela estão vivos, registrando a cena que estava vendo na época. Eles têm cores e reagem à luz, fecham e abrem. A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe se encontra na Vila de Guadalupe, no local exato do umbigo das Américas, milimetricamente. A posição das estrelas, no manto dela, ampliando, é tal como estava o dia 12 de dezembro de 1531, quando se imprimiu a imagem, às 10h46 da manhã. Os cientistas estão arrancando os cabelos…

Bate e rebate…

21) Mãe Dinah: Pura farsa!

22) Walter Mercado: Pior ainda!

23) Inri Cristo: Um biruta! Se não for pura farsa, então, é doente!

24) Padre Marcelo Rossi: Está fazendo um grande trabalho, é um ótimo comunicador… Vejo algum possível defeito, mas todo mundo tem defeitos.

25) Edir Macedo: Não creio que ele acredite no que está dizendo!

26) Zé do Caixão: Gosto dele. É um cineasta que aproveita essa mentalidade melodramática do povo. Parece ser um homem bem-intencionado, inteligente.

27) Chupa-Cabra: É um mito! Não tem nada a ver com OVNIs. De boca em boca, uma pulga virou um elefante!


Fonte: O CONTRA, Ano 2000.

HISTÓRIA DE SÃO JORGE


HISTÓRIA DA VIDA E MARTÍRIO DO GLORIOSO SÃO JORGE

Segundo a interpretação extraída do IV volume do "Flos Sanctorum"


Diocleciano, imperador de Roma, vendo que tudo lhe sucedia bem, determinou, segundo seu parecer e engano diabólicos, sacrificar aos deuses, principalmente a Apolo, sabedor das coisas que haviam de suceder. E consultando urna vez a estátua sobre certa coisa que desejava saber, dizem que lhe respondeu o ídolo, que os justos que estavam na terra, lhe eram impedimentos para dizer a verdade, e por causa deles sucedia muitas vezes ser falso o que ele dizia que havia de ser. Enganado o mísero Diocleciano com o seu erro, desejava saber que homens eram aqueles que se chamavam justos na terra. Respondeu-lhes um sacerdote dos ídolos: "Esses, imperador, são os cristãos".Não demorou muito o tirano de saber isto, e moveu guerra e perseguição contra os cristãos, já quietos das perseguições passadas. Logo sem mais tardar começou a perseguir os inocentes e justos. Era muito para chorar, ver os cárceres, feito para matadores, adúlteros e ladrões, cheios de Santos, que confessavam a Cristo por Deus e Salvador; e ver que não se contentava o tirano de atormentar os Santos com os tormentos antigos e costumados, mas, cada dia, inventou novos e mais cruéis tormentos com os quais grande multidão de cristãos eram torturados. Indo cada dia, de todas as partes, muitas acusações contra os cristãos ao imperador, e principalmente, referindo-lhe os procuradores do Oriente que os cristãos eram tantos que desprezavam seus mandados, e que ou haviam de permitir que vivessem em sua lei, ou que estando eles com grande exército, e assim os matassem todos, porque outra maneira não seria fácil.Ouvindo o perverso Diocleciano estas coisas, mandou chamar todos os governadores e procuradores do Oriente e outras partes. Estando junto com os senadores, manifestou a crueldade que tinha contra os cristãos, e mandou que cada um dissesse seu parecer. Sendo alguns de contrairia opinião, por último o tirano afirmou que nenhuma coisa havia mais excelente que a veneração dos ídolos; e assim lhes disse: "Todos que estimais minha amizade, ponde todas as forças para lançar fora de todo o meu império a religião dos cristãos, e eu vos favorecerei com todo o meu poder".Louvaram todo este parecer do imperador, e determinaram que se referissem ao povo três vezes em três dias.Estava então no exército o maravilhoso cavaleiro de Cristo, Jorge, o qual era natural de Capadócia, Ásia Menor (atual região da Turquia), de uma família nobre e tradicional na cidade. De pai e mãe cristãos, que muito zelaram pela sua instrução e educação, fora criado desde menino na sagrada religião cristã. Sendo Jorge ainda moço, morreu o pai, oficial do exército imperial, em uma batalha. Por ser ele bom cavaleiro, foi da Capadócia para a Palestina com sua mãe que era natural daquela região, onde tinha fazenda. E como tivesse idade para a guerra, foi instituído por capitão, e em pouco tempo sua personalidade, sua coragem e seu porte foram notados pelo Imperador Diocleciano, que o nomeou Conde. Ignorando ser aquele bravo um cristão, o Imperador romano elevou-o ainda a Tribuno Militar e ao Conselho Militar. Neste tempo faleceu sua mãe, e ele tomando grande parte nas riquezas que lhe ficaram, foi-se para a côrte do Imperador, sendo de idade de 23 anos. Vendo, Jorge, que urdia tanta crueldade contra os cristãos, parecendo-lhe ser aquele tempo conveniente para alcançar a verdadeira salvação, distribuiu com diligência toda a riqueza que tinha aos pobres. Depois disto, no dia em que o conselho do senado havia de ser confirmado contra os cristãos, Jorge, sem temor humano, armado só de temor de Deus, com alegre rosto se pôs em pé no meio de toda a Assembléia e falou desta maneira:"Oh! Imperador e nobres senadores, acostumados a fazer boas leis, que desatino é este tão grande, que não cessais de acrescentar vossa ira contra os cristãos, que tem a certa e verdadeira lei, para que a deixem e sigam a seita que vós mesmos não sabeis se é verdadeira, porque os ídolos que adorais, afirmo que não são deuses, havendo sido homens perdidos.Não vos enganeis: sabeis que Cristo só é Deus e Senhor na glória de Deus Padre, e por ele foram feitas todas as coisas, e pelo seu Espírito Santo todas as coisas são regidas e conservadas. Pois esta é a verdade ele não queirais perturbar os que a professam."Ouvindo isto todos ficaram atônitos e espantados do valor e atrevimento com que falou, e esperavam que o Imperador respondesse; mas ele ficando perturbado e refreando a ira, fez sinal ao cônsul Magnêncio, que respondesse a Jorge. O cônsul mandou chegar, Jorge, mas perto de si e disse: "Dize-me, jovem, quem te deu tamanha ousadia para falar nesta Assembléia? Respondeu Jorge: "A verdade". Disse o cônsul: "Que coisa e a verdade?" Respondeu-lhe: "A verdade é meu Senhor Jesus Cristo, a quem vós perseguis". Disse o cônsul "Dessa maneira és tu cristão?" Respondeu-lhe: "Eu sou servo de "meu Redentor Jesus Cristo, "e Nele confiado me pus no meio de vós "outros, para que dê testemunho da Verdade. "Com estas palavras se turbaram todos. Então, Diocleciano pondo os olhos em Jorge, o conheceu e lhe disse: "Sabendo eu há dias de tua nobreza, te levantei ao mais alto grau da dignidade de minha corte, e agora ainda que falaste tão alto, como sou muito afeiçoado à tua prudência e fortaleza, te aconselho, como pai amoroso, que não deixes o proveito e honra da tropa, nem queiras perder a flor da tua idade com torturas antes, sacrifica aos deuses e receberá de mim maiores prêmios e recompensas. "Jorge lhe respondeu: "Oxalá, oh imperador, que conhecendo tu por mim. O verdadeiro Deus, lhe oferecesse o sacrifício de louvor, que ele pede e deseja; e eu ficarei por fiador de que ele Senhor de outro mais excelente império do que tens, que é o reino que dura para sempre; porque este que agora possues, cedo se há de acabar. E sabe de certo que nenhum desses bens que me prometes, poderão de alguma maneira afastar-me de meu Deus, nem algum gênero de tormento que inventares poderá tirar de mim o amor de meu Redentor nem causar em mim temor algum da morte temporal". Ouvindo isto o imperador, cheio de ira mandou aos soldados que o deitassem fora da Assembléia com lançadas, e o metessem no cárcere. Fizeram logo os soldados o que lhes fora mandado, mas, a ponta da lança com que lhe tocou no corpo um soldado, dobrou como se fora de chumbo, e Jorge não cessava de dizer divinos louvores. Sendo ele posto no cárcere, estenderam-no em terra e puseram-lhe grilhões nos pés e sobre o seu peito uma grande pedra. Tudo isso lhes mandou o tirano fazer; mas sofrendo o tormento com muita paciência, não cessou até o dia seguinte de dar graças a Deus.Sendo manhã, o imperador mandou-o vir perante si, e estando Jorge muito atormentado com o peso da pedra, disse-lhe o imperador: ."Tornaste já sobre ti, Jorge?". Respondeu o jovem: "Por tão fraca me tens imperador, que cuidas que um tormento de meninos e tão pequeno, havia de me afastar de Cristo e negar a verdade, primeiro cansarás tu em me atormentar, do que eu sendo atormentado". Disse Diocleciano: "Eu te darei tantos tormentos que te acabarão a vida". Mandou logo trazer uma roda grande e cheia de navalhas e meter o jovem nela para ser despedaçado. Estava esta roda pendurada, e por baixo tinha umas tábuas nas quais estavam pregadas muitas pontas agudas como canivetes de sapateiro. Puseram-no entre as tábuas e a roda, atado com loros e cordas, tão apertado que dentro da carne se escondiam as cordas; e voltando a roda, todo o corpo lhe ficava cruelmente ferido. Este espantoso gênero de tormento sofreu Jorge com grande ânimo; e fazia oração ao Senhor, e depois ficou como adormecido por um bom espaço de tempo.Vendo isto, Diocleciano, e cuidando que já estava morto, ficou alegre e começou a louvar os seus deuses, e dizia: "Onde está o teu Deus, Jorge? Por que não te livrou deste tormento?"Mandou então tirá-lo do tormento. e partiu para ir sacrificar a Apolo; mas logo apareceu uma nuvem no ar, e viu um grande trovão, e soou uma voz que muitos ouviram, a qual disse: "Não temas, Jorge, porque estou contigo". Daí a pouco viu-se grande serenidade, e foi visto um homem vestido de branco estar em cima da roda, muito resplandecente no rosto, e deu a mão ao Santo Mártir, e abraçando-o mandou desatá-lo; e logo desapareceu aquele varão de tanta claridade e ficou Jorge solto, livre e são, dando graças a Deus.Os soldados que o guardavam ficaram fora de si, espantados de tal visão, e deram logo novas do que se passava ao imperador que se achava no templo. Vendo o imperador a Jorge, dizia que não podia ser aquele o mesmo Jorge, mas outro que se parecesse com ele.Dois corregedores, um chamado Anatólio, outro Petroleu, sendo antes criados na fé de Cristo, vendo o milagre cobraram ousadia, e em alta voz disseram: "Um só é Deus, grande e verdadeiro, que é o Deus dos cristãos", aos quais mandou logo o imperador levar para fora da cidade e cortar-lhe as cabeças, Muitos se converteram, então, ao Senhor tendo fé dentro de si, mas não ousavam descobrir-se com temor da morte e tormentas. Também a imperatriz Alexandra, conhecendo a verdade e começando a querer falar livremente, um cônsul a retirou, e antes que o imperador entendesse a causa, a deixou no seu palácio. Não sofrendo Diocleciano com estas coisas mandou meter Jorge em uma fornalha de cal virgem, três dias, e mandou vigiar, que lhe não viesse de nenhuma parte ajuda alguma. Sendo levado a esse tormento preso, ia fazendo oração a Deus em alta voz, dizendo: "Senhor meu, ponde os olhos de vossa misericórdia em mim, e livrai-me das ciladas do inimigo, e concedei-me que até o fim confesse o vosso santo nome"."Não digam os meus inimigos por minhas maldades: Onde está o teu Deus? Mandai, Senhor, o vosso Anjo em minha guarda, assim como transformaste a fornalha de Babilônia em orvalho, e os moços que estavam dentro, conservaste sem lhes fazer mal o fogo".Dito isto, e fazendo o Sinal da Cruz em todo o corpo, com grande alegria entrou no forno de cal. Os ministros e soldados que foram mandados pra executores destes tormentos, depois de o deixarem no forno se retiraram. Ao terceiro dia, chamou o imperador alguns soldados e disse: "Não fique na memória aquele mal-aventurado Jorge, para que não haja quem honre as suas relíquias; portanto ide, e se achardes algum osso subterrai-o, que não apareça mais. "Foram os soldados, seguindo-se grande multidão de povo para ver o que se passava. Descobrindo o cal acharam dentro Jorge com o rosto resplandecente; o qual, levantadas as mãos para o céu, dava louvores a Deus por todos os seus beneficies; e saindo do forno sem algum mal que lhe fizesse a cal, todos se espantaram de tão maravilhosa causa, e Louvaram o Deus de Jorge.Chegou a nova deste milagre a Diocleciano, este mandou chamar a Jorge e muito espantado lhe disse: "Jorge, com que artes fazes estas maravilhas?" Respondeu-lhe: "Oh! cego imperador, que chamas artes as maravilhas de Senhor, por isso choro tua cegueira".Disse Diocleciano: "Agora veremos Jorge, se diante dos nossos olhos fazes milagres. Mandou entalo o tirano trazer umas chinelas de ferro ardente, e mandou-lh'as meter nos pés, e desta maneira, o fez levar ao cárcere. e indo açoitando e zombando dele, diziam: "Oh! Como Jorge corre, ligeiramente", mas o mártir sendo tão cruelmente levado e açoitado, ia muito alegre dizendo a si mesmo: "Corre Jorge, para que alcances o prêmio". Depois orando, dizia: "Senhor, olhai o meu trabalho e ouvi os gemidos de vosso preso, porque os meus inimigos se multiplicaram e me tiveram grande ódio pelo vosso nome; mas vós Senhor, me sarai, porque todos os meus ossos estão atormentados, e dai-me paciência até o fim, para que não diga o meu inimigo: "Prevaleci contra ele". "Desta maneira passou Jorge até chegar ao cárcere, indo muito atormentado das chagas que lhe fizeram nos pés os pregos ardentes que as chinelas de ferro tinham para cima. Passando o Santo todo aquele dia e noite em dar graças a Deus, no dia seguinte foi levado diante do imperador, o qual estava sentado junto ao teatro público, estando presente todo o senado.Vendo o imperador Jorge andar tão bem e sem sacrifícios como se não recebera algum mal, disse-lhe. "Jorge, as chinelas foram para ti refrigério?". Respondeu "Jorge: "Sim, foram". Disse o imperador: "Deixa já a tua ousadia e arte mágica, vem para nós e oferece sacrifício aos deuses, pois de outra maneira serás atormentado com diversos tormentos".Respondeu Jorge: "Quão ignorante te mostras, pois chamas feitiços ao poder do meu Deus e por outra parte dás honras, aos enganos dos diabos que adoras".O tirano mandou aos que estavam presentes que o ferissem no rosto , dizendo: "Assim te ensinaram a dizer injúrias aos imperadores? E depois disto mandou que o açoitassem com nervos de búfalo, até que fosse desfeito seu corpo. Sendo Jorge tão sem piedade atormentado, e não mudando a alegria do rosto, disse o tirano "Certamente não chamarei a isto obras de virtude, mas arte mágica". Disse então Magnencio ao imperador: "Senhor, mandai chamar um homem que aqui mora, grande mágico e com ele será vencido Jorge". Foi, logo, chamado o feiticeiro e lhe disse Diocleciano: "Todos os que estamos presentes sabemos o que este maldito Jorge faz; mas porque arte o faz, tu no-lo declararás. E rogo-te que destruas seus feitiços e o faças obedecer-nos." Prometeu então Athanasio, (o mágico) que no dia seguinte faria tudo que lhe ordenava; e mandou o imperador guardar Jorge no cárcere, no qual ele invocava o nome do Senhor, dizendo: "Seja Senhor, a vossa misericórdia sobre mim, e encaminhai meus passos na confissão de vosso Santo nome, e acabai minha vida na vossa fé, para que em tudo seja o vosso louvado".No dia seguinte, estando Diocleciano no teatro, mandou vir o mágico, o qual veio muito vaidoso e mostrando ao imperador umas bebidas e disse: "Seja trazido aqui, Jorge e vereis a força destas bebidas; pois se quereis que obedeça dêem-lhe de beber o que trago neste vaso. E se quereis que morra dêem-lhe deste outro vaso".Mandou o imperador vir perante si Jorge, e disse-lhe: "Agora, Jorge, serão acabadas as tuas artes mágicas", e mandou que por força bebesse um daqueles vasos; mas o Santo sem algum temor o bebeu sem lhe fazer mal; e finalmente esteve muito constante na fé e ficou a arte do diabo desprezada.O imperador vendo isto, mandou-lhe dar a outra bebida quê o constrangessem a bebe-la; mas o bem-aventurado Jorge não esperando que o forçassem, pela divina virtude bebeu a outra sem lhe fazer mal algum.Ficou o imperador pasmado e espantado e todo o senado e o mesmo feiticeiro de tamanha maravilha; e disse o imperador a Jorge mártir: "Até quando nos há de pôr em espanto com isto que fazes? Por que não acabas de confessar a verdade? Como escapas tão facilmente do veneno que te dão a beber e como desprezas os tormentos?" Respondeu Jorge: "Não cuides, imperador, que somos livres por alguma humana providência, más só pelo poder e virtude de Cristo; e confiados nele, não fazemos caso dos tormentos seguindo sua "doutrina". Disse então Diocleciano: "Que doutrina é a de teu Cristo? Respondeu Jorge: "Conhecendo o Senhor, a diligência que vós outros haveis de ter em perseguir os Santos, não temais aqueles que matam o corpo, nem façais caso das coisas transitórias; sabeis de certo que um cabelo de vossa cabeça não perecerá; e ainda que bebas veneno não vos fará mal." Finalmente prometeu-nos dizendo: "Aquele que crer em mim fará as obras que eu faço". "Que obras são essas? "Dar vistas aos cegos, curar leprosos fazer andar os mancos, abrir ouvidos aos surdos, expelir os demônios dos corpos, ressuscitar os mortos e outras coisas semelhantes a estas".Virou-se então o imperador para Athanazio, o mágico e lhe disse: "Que dizes tu a estas coisas?" Respondeu Athanazio: "Admiro-me de ver como este jovem despeze a vossa mansidão com suas mentiras; más já que ele diz, que os que esperam no seu Deus farão as obras que ele faz, ali naquele sepulcro que está diante de nós, está um defunto, que eu conheci, e pouco tempo há que ali o sepultaram; se Jorge o ressuscitar, sem nenhuma dúvida adoremos o seu Deus". Então o imperador fez sinal a Jorge que o experimentasse.Pediu então Magnêncio ao imperador que mandasse soltar a Jorge, e depois de solto lhe disse: "Agora, Jorge mostra-nos as maravilhas do teu Deus; e se o fizeres, todos creremos nele. Respondeu Jorge: "Nobre Cônsul, Deus que todas as coisas criou do nada, poderoso é para, por mim, ressuscitar este defunto; mas como vossas almas estão cegas, não podereis entender a verdade; porém, por amor do povo presente, isto que pedis tentando-me, Deus o obrará por mim, para que o não atribuas a arte mágica. Pois este mágico que aqui o trouxeste, confessa que nem por encanto, nem pelo poder dos vossos deuses, pode um morto ser ressuscitado, em diante de todos vós chamo a meu Deus"; e dizendo isto, pôs os joelhos em terra, e quase chorando orava a Deus, e levantando-se disse em alta voz: "Oh! eterno Deus de misericórdia, Deus de todas as virtudes, e que todas as coisas pode, que não frustreis a esperança dos que em vós confiam. Senhor Jesus Cristo, ouvi este mísero servo vosso, nesta hora, assim, como ouvistes, Santos Apóstolos em todo o lugar, dando-lhes poder para fazeres milagres e sinais. Dai, Senhor, a esta geração má o sinal que pode, e ressuscitai este morto para glória vossa, e do Padre e do Espírito Santo. Rogo-vos, Senhor, que mostreis a estes circunstantes serdes só vós, Deus Altíssimo sobre toda a terra e que eles conheçam serdes vós Senhor poderoso, a cuja vontade todas as coisas estão sujeitas e que vossa será a glória para todo sempre. Amém". Dizendo Amém, se ouviu um grande som, de maneira que tremeram todos.Logo se levantou grande alvoroço e tumulto no povo e muitos deles louvaram a Cristo, dizendo que era o verdadeiro Deus.O imperador e os seus familiares, espantados e cheios de incredulidade, diziam que Jorge era um grande mágico, e que metera algum espírito naquele corpo para enganar os circunstantes; mas depois que verdadeiramente viram e conheceram ser homem o que ressurgira, e que chamava a Jesus Cristo, indo correndo para Jorge, não sabiam mais o que dizer. Athanazio, encantado, vendo esta maravilha, lançou-se aos pés de Jorge, dizendo em alta voz que Cristo era Deus todo poderoso, e rogava ao Santo, que lhe alcançasse o perdão de seus pecados.Daí a pouco fez o imperador calar o povo, e disse-lhe: "Veremos o engano e malícia destes feiticeiros? Este Athanazio, semelhante a Jorge, ambos de uma mesma arte, favorecem um ao antro; e as bebidas venenosas, não lhà deu, mas deu-lhe outra cheia de encantamento para nos enganar". Acabando de dizer isto, mandou logo degolar Athanazio com o que fora ressuscitada, dizendo o pregão que era por confessarem a Cristo por Deus, e a Jorge mandou meter no cárcere, onde o Santo dava graças a Nosso Senhor pelas grandes maravilhas que por ele fazia.E estando ali no cárcere, vinham a ele muitos dos que tinham recebido a fé pelas maravilhas que foram feitas. e desrespeitando os guardas, se lançavam aos pés dele, entre os quais alguns enfermos que, em virtude do sinal e do nome do Cristo, foram por ele curados. Andando um pobre homem lavrando a sua terra, um dos bois com que lavrava caiu em terra e morreu; e ouvindo a fama de Jorge foi correndo ao cárcere, chorando a perda do boi. Disse-lhe Jorge: "Vai alegre, porque Cristo, meu Senhor, tornou teu boi à vida". Crendo ele em suas palavras, foi correndo e achou o boi vivo como Jorge dissera, e logo sem mais se deter, tornou este homem, chamado Glycero, a Jorge, o ia pela cidade dizendo em vozes: "Muito grande é o Deus dos Cristãos". Uns cavalheiros o prenderam e mandaram dizer ao imperador o que se passara; o tirano cheio de ira o mandou degolar fora da cidade.E Glycero, muito alegre, como se fosse a algum convite, ia correndo diante dos soldados que o levaram ao martírio, e com alta voz chamava ao Senhor, pedindo- lhe que recebesse o seu martírio. E desta maneira acabou a vida. Neste tempo, alguns dos senadores foram acusar Jorge ao imperador, dizendo que estando no cárcere abalava o povo e fazia a muitos receber a fé de Cristo.Ouvindo isto, o imperador tomou conselho com Magnêncio, e no dia seguinte mandou aparelhar sua cadeia junto ao templo de Apolo, para que ali publicamente, fosse Jorge, perguntado. Naquela noite, orando Jorge no cárcere e adormecendo, viu em sonho o Senhor que por sua mão o levantava e abraçava, e lhe punha uma coroa na cabeça, e dizia: "Não temas, mas tem forte o coração, pois já és digno e mereces reinar comigo, não tardes em vir gozar dos bens eternos, que te estão preparados". Acordando e dando graças a Deus com muita alegria, chamou o carcereiro e disse-lhe: "Rogo-vos irmão, que deixeis entrar neste cárcere meu empregado, porque me importa falar com ele". Concedendo o carcereiro o seu pedido, entrou o moço que estava muito triste pelos tormentos que passava o seu senhor. Levantou-o da terra onde se lançara, chorando, consolou-o, esforçou-o e disse-lhe: "Filho, muito cedo me chamara meu Senhor para si, mas depois que passar desta vida, tomarás este mísero corpo e leva-lo-ás a Palestina, à casa onde morávamos, e Deus será guia de teu caminho, e não apartes nunca da fé de Cristo". E prometendo-lhe o criado com muitas lágrimas, que assim o faria, abraçou-o o Santo, a mandou-lhe que fosse dali em paz.No dia seguinte, assentado Diocleciano em sua cadeira imperial, mandou vir Jorge perante si, e começou com muita mansidão e falar-lhe desta maneira: "Dize-me, Jorge, não te parece que sou muito humano e benigno para ti? Testemunhas me sejam todos os deuses como me pesa em extremo de tua mocidade, assim em flor, da tua gentileza e formosura, como também pelo assento de tua descrição e constância de ânimo. E desejo muito, se te apartares da fé cristã, que mores juntamente comigo, e seja a segunda pessoa do meu império. Agora me responde o que te parece."Respondeu Jorge: "Razão era, imperador, se tamanho amor e afeição me tinhas que me não perseguisse, como o inimigo principal, e não executarás em mim tantos tormentos por satisfazer com tua ira".Ouviu o imperador isto com bom gosto e disse a Jorge: "Se me quiseres obedecer como pai, eu te compensarei os tormentos que te fiz dar, com muitas grandes honras que te farei".Disse então Jorge: "Se queres, imperador, vamos ao templo a ver esses deuses que vós outros honrais". Levantou-se logo o imperador com grande alegria, e mandou declarar público que o Senado e todo o povo viesse ao templo. Indo o povo para o templo, louvava ao imperador pela vitória que, cuidavam, alcançara Jorge. Entrados todos no templo, e aparelhado o sacrifício, tinham todos postos os ollios no mártir esperando que sem nenhuma dúvida havia de sacrificar.Jorge chegou à estátua de Apolo, e estendendo a mão, disse: "Por que coisa quereis tu que te ofereça sacrifícios como a Deus?"E logo faz o sinal da cruz. O demônio, que dentro do ídolo estava, bradava dizendo: "Não sou Deus, nem algum semelhante a mim é o Deus a quem pregas. Nós, de Anjos fomos feitos diabos, e enganamos os homens pela inveja que lhes temos. Perguntou-lhe então Jorge: "Pois como ousais vós outros estar aqui neste lugar estando eu presente, que adoro o verdadeiro Deus?" Dizendo isto se sentiu um ruído, como choro que saía das estátuas, e caíram todos os ídolos em terra e fizeram-se em pedaços.Levantaram-se então alguns dos do povo acesos em ira e fúria, instigando os sacerdotes, tomarem Jorge, e açoitando-o, bradavam dizendo. "Mate este feiticeiro, oh! Imperador, mate este mágico". E correndo estas novas, logo pela cidade, a imperatriz Alexandra, não podendo mais encobrir a fé de Cristo que tinha, veio com grande pressa, e vendo o alvoroço do povo e Jorge preso, e longe dela, e que pela muita gente não podia chegar a ele, bradou em alta voz e dizia: "Deus de Jorge, ajudai-me". Pacificando o alvoroço do povo mandou Diocleciano trazer diante de si Jorge, e com grande ira lhe disse: "Mau homem, desta maneira agradeces a bondade com que te trato? "Deste modo costuma sacrificar aos deuses? "Respondeu Jorge: "Sem dúvida, imperador, que deste modo, aprendi eu a sacrificar aos teus deuses: daqui em diante tem vergonha de atribuir a saúde que tens a tais deuses, os quais não podem sofrer a presença dos servos de Cristo".Dizendo estas palavras o Santo, chegou a imperatriz e disse ao imperador o que tinha dito d'antes, e lançou-se aos pés de Jorge. Vendo isto o imperador, disse: "Que novidade é esta, Alexandra, que te afeiçoou a este mágico encantador? A bem-aventurada imperatriz não lhe quis responder, tendo-o por indigno de sua resposta. O cruel imperador, cheio de ira e furor pela mudança da imperatriz, deu contra Jorge e contra ela a sentença seguinte: Mando degolar a esse péssimo Jorge, o qual , assim aos deuses como a mim injuriou gravemente; e o mesmo fez Alexandra, imperatriz, enganada com seus feitiços.Tomaram logo os soldados Jorge e o levaram preso fora da cidade, juntamente com a nobilíssima imperatriz, que orando a Deus como alegre ânimo, caminhava para o lugar do martírio; e indo assim, chegando a um certo lugar, pediu que a deixassem assentar um pouco, e assentando sobre o seu vestido, inclinou a cabeça sobre os joelhos e assim deu o espírito a Deus.Por essa razão a bem-aventurado mártir, Jorge louvando e dando graças a Deus caminhava com grande alegria. Chegando ao lugar determinado fez oração ao SENHOR, dizendo:"Bendito sois, Senhor Deus meu, porque não permitistes que eu fosse despedaçado pelos dentes daqueles que me queriam e buscavam, nem consentiste que meus inimigos ficassem alegres com a vitória: porque livraste a minha alma, como pássaro do laço dos caçadores. Pois agora, Senhor, também me ouvi, sede comigo nesta última hora, e livrai a minha alma da maldade dos malignos espíritos; e todos os males que por ignorância em mim executam, lhes perdoai. Recebei, Senhor, a minha alma com aqueles que desde o princípio do mundo vos serviram, e esquecei-vos de todos os meus pecados, que eu voluntariamente, ou por ignorância cometi"."Lembrai-vos, Senhor, dos que recorrem ao vosso Santo nome, porque vós sois "Santo", bendito e glorioso para sempre, Amém".Acabando de dizer isto, estendeu o pescoço com alegria e foi degolado, e entregou sua alma nas mãos dos anjos a 23 de Abril, fazendo excelente confissão de fé pura e sã pelo ano 303.Os restos mortais de São Jorge foram transportados para Lidia (Antiga Dióspolis), onde o Santo foi sepultado, e onde o imperador Cristão Constantino, mandou erguer suntuoso oratório aberto aos fiéis para que o Culto ao Santo fosse espalhado. Seu culto espalhou-se imediatamente por todo o Oriente. Pelo século V, já haviam cinco igrejas em Constantinopla dedicadas a São Jorge. Só no Egito, nos primeiros séculos após sua morte, construíram-se quatro igrejas e quarenta conventos dedicados ao mártir. Na Armênia, em Bizôncio, no Estreito de Bósforo na Grécia, São Jorge era inscrito entre os maiores Santos da Igreja Católica. No Ocidente, na Idade Média, as Cruzadas colocaram São Jorge à frente de suas milícias, como Patrono da Cavalaria. Na Itália era padroeiro de Gênova. Na Alemanha, Frederico III criou uma ordem Militar. Na França, São Gregório de Tours era conhecido pela devoção a São Jorge. Nas Gálias, o rei Clóvis dedicou-lhe um mosteiro, e sua esposa, Santa Clotide, erigiu várias igrejas e conventos em sua honra. A Inglaterra foi o país Ocidental onde a devoção ao Santo teve papel mais saliente. O monarca Eduardo III colocou a proteção de São Jorge a Ordem da Cavalaria da jarrateira, fundada por ele em 1330.Os Ingleses escolheram São Jorge como padroeiro do país, imitando os gregos que, também, trazem a cruz de São Jorge na sua bandeira.E ainda durante a Grande Guerra (1914-1918 muitas das medalhas foram cunhadas e oferecidas aos enfermeiros militares e as irmães de caridade que se sacrificaram ao tomar conta dos feridos da guerra.As artes, também, divulgaram amplamente a imagem do santo. Em Paris, no Museu do Louvre, há um quadro famoso de Rafael (1483-1520), intitulado "São Jorge vencedor do Dragão". Na Itália, existem diversos quadros célebres; um deles está em Veneza, de autoria do pintor Carpaccio (1450-1525) e outro, não menos notável, pintado por Donatello (1386-1466).E hoje, no mundo inteiro, invocam o Santo, pedem sua intercessão e elogiam os admiráveis rasgos de sua poderosa proteção.